“Um dos maiores danos que se pode causar a uma criança é levá-la a perder a confiança na sua própria capacidade de pensar”
"Ler não é decifrar, escrever não é copiar"
(Emília Ferreiro)
A escrita da criança não resulta de simples cópia de um modelo externo, mas é um processo de construção pessoal.
"... A minha contribuição foi encontrar uma explicação segundo a qual,
por trás da mão que pega o lápis,
dos olhos que olham,
dos ouvidos que escutam,
há uma criança que pensa"
(Emília Ferreiro)
por trás da mão que pega o lápis,
dos olhos que olham,
dos ouvidos que escutam,
há uma criança que pensa"
(Emília Ferreiro)
"A escrita é uma construção coletiva e não individual".
"A
escrita não é um produto escolar, mas sim um objeto cultural,
resultado do esforço coletivo da humanidade. Como objeto cultural, a
escrita cumpre diversos funções de existência".
"Nenhuma
criança chega à escola ignorando totalmente a língua escrita. Elas
não aprendem porque vêem e escutam ou por ter lápis e papel à
disposição, e sim porque trabalham cognitivamente com o que o meio
lhes oferece."
"Para
aprender a ler e a escrever é preciso apropriar-se desse
conhecimento, através da reconstrução do modo como ele é produzido.
Isto é, é preciso reinventar a escrita. Os caminhos dessa
reconstrução são os mesmos para todas as crianças, de qualquer classe
social."
"O
processo de alfabetização nada tem de mecânico do ponto de vista da
criança que aprende. A criança constrói seu sistema interativo,
pensa, raciocina e inventa buscando compreender esse objeto social
complexo que é a escrita. "
"Quando
uma criança escreve tal como acredita que poderia ou deveria
escrever certo conjunto de palavras, está oferecendo um valiosíssimo
documento que necessita ser interpretado para ser avaliado. Aprender a
lê-las , interpretá-las é um longo aprendizado que requer uma
atitude teórica definida."
"As crianças não precisam atingir uma certa idade e nem precisam de
professores para começar a aprender. A partir do nascimento já são
construtoras de conhecimento. Levantam problemas difíceis e
abstratos e tratam por si próprias de descobrir respostas para elas.
Estão construindo objetos complexos de conhecimento. E o
sistema de escrita é um deles."
"Eles
aprenderam a usar a internet sozinhos e rapidamente, sem instrução
escolar nem paraescolar. Eles conhecem essa tecnologia melhor que os
adultos — os alunos sabem mais do que seus mestres. Essa é uma situação
de grande potencial educativo, porque o professor pode dizer: "Sobre
isso eu não sei nada. Você me ensina?" A possibilidade de uma relação
educativa realmente dialógica é fantástica."
"A
homogeneidade é um mito que nunca se alcança. Eu posso aplicar uma
prova, dizer que vinte estudantes são iguaizinhos e colocá-los todos
juntos para trabalhar. Daqui a uma semana eles não serão mais iguais,
porque os ritmos de desenvolvimento são muito variados."
"Num
primeiro momento, houve apenas a troca de rótulos. Os fracos passaram a
ser chamados de pré-silábicos. Os que estavam no meio do processo eram
os silábicos e os que eram fortes foram classificados como
alfabéticos. "
"A
idéia de que eu, adulto, determino a idade com que alguém vai aprender
a escrever é parte da onipotência do sistema escolar que decide em que
dia e a que horas algo vai começar. Isso não existe. As crianças têm o
mau costume de não pedir permissão para começar a aprender. "
"Certa
vez um editor brasileiro me acusou de estar arruinando o negócio de
cartilhas, e parece que ele tinha razão. Se tenho mesmo relação com a
queda na produção desses livros, estou muito orgulhosa. Eles eram de
péssima qualidade, horríveis, assustadores. Eram pura bobagem."
"...há vinte anos parecia um sacrilégio, no Brasil, dizer que a família
silábica não era a melhor maneira de trabalhar. Tenho a impressão de
que isso mudou e de que esse é um caminho sem volta. Para ensinar a ler
e escrever é necessário utilizar diferentes materiais. Um livro só não
basta. É preciso utilizar livro, revista, jornal, calendário, agenda,
caderno, um conjunto de superfícies sobre as quais se escreve. "
"As primeiras tentativas já não vistas como rabiscos, mas uma espécie de escrita"
"Alfabetizar é cada vez mais uma tarefa difícil"
"Alfabetizar é cada vez mais uma tarefa difícil"
"A
escola sempre trabalhou mal a revisão de texto e os alunos odiavam
fazê-la porque num texto a mão é preciso voltar a escrever tudo. Com um
processador de texto, a revisão se torna um jogo: experimenta-se
suprimir ou deslocar trechos, com a possibilidade de desfazer tudo. Após
as intervenções, temos na tela um texto limpo, pronto para ser
impresso. A revisão é fundamental para que as crianças assumam a
responsabilidade pela correção e clareza do que escrevem."
"Quando
a escola foi criada, também havia muita diversidade. Mas foi uma
diversidade negada. Todas as crianças deviam ter os mesmos direitos,
aprender as mesmas coisas, da mesma maneira e falar a mesma língua.
Quando se estabelece isso, a missão da escola é formar esse cidadão
ideal, que deve saber certas coisas e falar de certa maneira. Hoje, a
comunicação entre as diversidades, as possibilidades de encontro se
multiplicaram exponencialmente. Não havia tanto encontro de diversidades
antes, exceto em alguns lugares. Então, historicamente, a escola não
foi criada para respeitar a diferença."
"Ter
internet na escola não resolve os problemas, fabrica novos, mas que
são desafios interessantes. Para adolescentes, discutir junto com eles,
colocá-los em busca dessas respostas, é uma situação que pode ser
apaixonante, inclusive usando a experiência que eles já têm com a
internet. É preciso saber enfrentar os problemas educativos novos que
nos são colocados. A internet traz um novo tipo de diversidade à
escola."
"...já não se consideram as produções das crianças de 4 ou 5 anos como
tentativas erradas ou rabiscos, a exemplo do que se dizia antigamente,
mas sim como uma espécie de escrita. Parece-me que agora há uma atitude
positiva, como sempre houve em relação aos primeiros desenhos. Outro
avanço tem a ver com não se assustar quando crianças pequenas querem
escrever. Antes elas eram desestimuladas porque se achava que não
"estavam na idade". Também se reconhece a importância de ler em voz alta
para elas desde muito cedo. Já se sabe que existe uma diferença grande
entre ler e contar uma história. Há um pequeno avanço - não tanto
quanto deveria haver - na prática de ler textos distintos e na
valorização da biblioteca de sala de aula. A simples atividade de
ordenar os livros com as crianças, usando critérios múltiplos, já as
aproxima muito da leitura e enriquece a escrita."
Fonte:
Foram utilizados diversos trechos de entrevistas dados por Emília
Ferreiro aos meios de comunicação como Revista Nova Escola, Educar para
crescer etc.
“Um dos maiores danos que se pode causar a uma criança é levá-la a perder a confiança na sua própria capacidade de pensar”
"Ler não é decifrar, escrever não é copiar"
(Emília Ferreiro)
A escrita da criança não resulta de simples cópia de um modelo externo, mas é um processo de construção pessoal.
"... A minha contribuição foi encontrar uma explicação segundo a qual,
por trás da mão que pega o lápis,
dos olhos que olham,
dos ouvidos que escutam,
há uma criança que pensa"
(Emília Ferreiro)
por trás da mão que pega o lápis,
dos olhos que olham,
dos ouvidos que escutam,
há uma criança que pensa"
(Emília Ferreiro)
"A escrita é uma construção coletiva e não individual".
"A
escrita não é um produto escolar, mas sim um objeto cultural,
resultado do esforço coletivo da humanidade. Como objeto cultural, a
escrita cumpre diversos funções de existência".
"Nenhuma
criança chega à escola ignorando totalmente a língua escrita. Elas
não aprendem porque vêem e escutam ou por ter lápis e papel à
disposição, e sim porque trabalham cognitivamente com o que o meio
lhes oferece."
"Para
aprender a ler e a escrever é preciso apropriar-se desse
conhecimento, através da reconstrução do modo como ele é produzido.
Isto é, é preciso reinventar a escrita. Os caminhos dessa
reconstrução são os mesmos para todas as crianças, de qualquer classe
social."
"O
processo de alfabetização nada tem de mecânico do ponto de vista da
criança que aprende. A criança constrói seu sistema interativo,
pensa, raciocina e inventa buscando compreender esse objeto social
complexo que é a escrita. "
"Quando
uma criança escreve tal como acredita que poderia ou deveria
escrever certo conjunto de palavras, está oferecendo um valiosíssimo
documento que necessita ser interpretado para ser avaliado. Aprender a
lê-las , interpretá-las é um longo aprendizado que requer uma
atitude teórica definida."
"As crianças não precisam atingir uma certa idade e nem precisam de
professores para começar a aprender. A partir do nascimento já são
construtoras de conhecimento. Levantam problemas difíceis e
abstratos e tratam por si próprias de descobrir respostas para elas.
Estão construindo objetos complexos de conhecimento. E o
sistema de escrita é um deles."
"Eles
aprenderam a usar a internet sozinhos e rapidamente, sem instrução
escolar nem paraescolar. Eles conhecem essa tecnologia melhor que os
adultos — os alunos sabem mais do que seus mestres. Essa é uma situação
de grande potencial educativo, porque o professor pode dizer: "Sobre
isso eu não sei nada. Você me ensina?" A possibilidade de uma relação
educativa realmente dialógica é fantástica."
"A
homogeneidade é um mito que nunca se alcança. Eu posso aplicar uma
prova, dizer que vinte estudantes são iguaizinhos e colocá-los todos
juntos para trabalhar. Daqui a uma semana eles não serão mais iguais,
porque os ritmos de desenvolvimento são muito variados."
"Num
primeiro momento, houve apenas a troca de rótulos. Os fracos passaram a
ser chamados de pré-silábicos. Os que estavam no meio do processo eram
os silábicos e os que eram fortes foram classificados como
alfabéticos. "
"A
idéia de que eu, adulto, determino a idade com que alguém vai aprender
a escrever é parte da onipotência do sistema escolar que decide em que
dia e a que horas algo vai começar. Isso não existe. As crianças têm o
mau costume de não pedir permissão para começar a aprender. "
"Certa
vez um editor brasileiro me acusou de estar arruinando o negócio de
cartilhas, e parece que ele tinha razão. Se tenho mesmo relação com a
queda na produção desses livros, estou muito orgulhosa. Eles eram de
péssima qualidade, horríveis, assustadores. Eram pura bobagem."
"...há vinte anos parecia um sacrilégio, no Brasil, dizer que a família
silábica não era a melhor maneira de trabalhar. Tenho a impressão de
que isso mudou e de que esse é um caminho sem volta. Para ensinar a ler
e escrever é necessário utilizar diferentes materiais. Um livro só não
basta. É preciso utilizar livro, revista, jornal, calendário, agenda,
caderno, um conjunto de superfícies sobre as quais se escreve. "
"As primeiras tentativas já não vistas como rabiscos, mas uma espécie de escrita"
"Alfabetizar é cada vez mais uma tarefa difícil"
"Alfabetizar é cada vez mais uma tarefa difícil"
"A
escola sempre trabalhou mal a revisão de texto e os alunos odiavam
fazê-la porque num texto a mão é preciso voltar a escrever tudo. Com um
processador de texto, a revisão se torna um jogo: experimenta-se
suprimir ou deslocar trechos, com a possibilidade de desfazer tudo. Após
as intervenções, temos na tela um texto limpo, pronto para ser
impresso. A revisão é fundamental para que as crianças assumam a
responsabilidade pela correção e clareza do que escrevem."
"Quando
a escola foi criada, também havia muita diversidade. Mas foi uma
diversidade negada. Todas as crianças deviam ter os mesmos direitos,
aprender as mesmas coisas, da mesma maneira e falar a mesma língua.
Quando se estabelece isso, a missão da escola é formar esse cidadão
ideal, que deve saber certas coisas e falar de certa maneira. Hoje, a
comunicação entre as diversidades, as possibilidades de encontro se
multiplicaram exponencialmente. Não havia tanto encontro de diversidades
antes, exceto em alguns lugares. Então, historicamente, a escola não
foi criada para respeitar a diferença."
"Ter
internet na escola não resolve os problemas, fabrica novos, mas que
são desafios interessantes. Para adolescentes, discutir junto com eles,
colocá-los em busca dessas respostas, é uma situação que pode ser
apaixonante, inclusive usando a experiência que eles já têm com a
internet. É preciso saber enfrentar os problemas educativos novos que
nos são colocados. A internet traz um novo tipo de diversidade à
escola."
"...já não se consideram as produções das crianças de 4 ou 5 anos como
tentativas erradas ou rabiscos, a exemplo do que se dizia antigamente,
mas sim como uma espécie de escrita. Parece-me que agora há uma atitude
positiva, como sempre houve em relação aos primeiros desenhos. Outro
avanço tem a ver com não se assustar quando crianças pequenas querem
escrever. Antes elas eram desestimuladas porque se achava que não
"estavam na idade". Também se reconhece a importância de ler em voz alta
para elas desde muito cedo. Já se sabe que existe uma diferença grande
entre ler e contar uma história. Há um pequeno avanço - não tanto
quanto deveria haver - na prática de ler textos distintos e na
valorização da biblioteca de sala de aula. A simples atividade de
ordenar os livros com as crianças, usando critérios múltiplos, já as
aproxima muito da leitura e enriquece a escrita."
Fonte:
Foram utilizados diversos trechos de entrevistas dados por Emília
Ferreiro aos meios de comunicação como Revista Nova Escola, Educar para
crescer etc.
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