Ficar de olho no desenvolvimento infantil da fala ajuda a diagnosticar condições como a apraxia, que, se não tratada, traz repercussões pro resto da vida.
Imagine
uma situação na qual você até cria a palavra na sua cabeça, mas
simplesmente não tem capacidade de verbalizá-la direito por uma falta de
coordenação dos movimentos da boca. É mais ou menos isso que uma
criança com a chamada apraxia de fala sente.
Não conhece a condição? Pois fique sabendo que até profissionais de
saúde ignoram o problema. Uma pena — se não for contornado, ele chega a
atrasar o desenvolvimento infantil.
Sintomas da apraxia de fala
Irritabilidade;
Isolamento social;
Dificuldade até dos pais em compreender o que está sendo dito, principalmente após os 2 anos;
Falta de resposta ao tratamento fonoaudiológico convencional;
Em vez de falar a palavra toda, só expressa suas vogais ou uma sílaba.
Todo atraso na fala merece uma investigação. Porém, a apraxia está entre
os quadros mais desafiadores por ser resultado de uma alteração no
funcionamento dos neurônios que coordenam os gestos da boca. Ou seja,
não é uma questão de falta de estímulo — o que ocorre quando os
familiares conversam pouco com o pequeno ou o deixam o tempo todo
olhando para uma tela de tablet — ou de uma limitação física, a exemplo
da língua presa.
Acima disso, ela demora a ser diagnosticada porque os próprios pais a
deixam passar batido por desconhecimento. “É comum ouvirmos que uma hora
a criança vai pegar o jeito e sair falando. No caso da apraxia, sem
tratamento é pouco provável que isso ocorra”, lamenta.
As causas por trás desse quadro ainda são nebulosas. Na maioria das
vezes, ele não é atribuído a nenhuma disfunção (embora esteja associado
a autismo e
síndromes genéticas, como a de Down). Tanto que não costuma ser
flagrado em exames que avaliam o interior da cabeça dos meninos e das
meninas. “O diagnóstico é realizado no consultório, analisando os
sintomas e o estado da criança”, ensina Elisabete. Antes dos 3 anos de
idade, não dá para cravar a presença da apraxia, porque os testes feitos
por um fonoaudiólogo dependem de certa maturidade dos pacientes. Mesmo
assim, já é possível suspeitar do problema e direcionar o tratamento.
Pegar esse distúrbio nos seus primeiros
passos melhora demais a resposta da garotada à terapia fonoaudiológica.
Em casos leves, tais técnicas chegam a reverter completamente a
dificuldade, se aplicadas desde os primeiros anos de vida. Para isso,
convém conversar sobre o assunto com o pediatra, principalmente se o seu
filho apresentar algum sinal suspeito, e marcar uma consultar com um
fonoaudiólogo. Também vale ficar atento a marcos do desenvolvimento da
fala. Confira alguns:
• Por volta de cinco meses, o bebê começa a balbuciar sons para se expressar;
• Ao atingir 1 ano de idade, emite uma ou outra palavra que pode ser compreendida por um adulto;
• Quando tem, em média, 1 ano e meio, ele já consegue combinar duas palavras;
• Ao completar 2 anos, fala pequenas frases que podem ser compreendidas;
• Com 3 anos, 60% da linguagem está formada.
Se a criança não parece evoluir e nada é
feito, o próprio desenvolvimento cognitivo é ameaçado. Isso porque a
dificuldade de se expressar acaba limitando as interações sociais e
dificultando o aprendizado em casa e na sala de aula. De novo: buscar
apoio de um fonoaudiólogo não oferece mal algum. Pelo contrário: pode
trazer enormes benefícios.
O tratamento
Já adiantamos: não há pílula ou cirurgia mágica. “Por outro lado, os
métodos que temos progrediram muito e trazem melhorias mesmo nas
situações graves”, garante Elisabete. As sessões de fonoaudiologia
voltadas para a apraxia são individualizadas. Contudo, em geral elas
exigem mais repetições e um avanço gradual. No início, é como se o
profissional fizesse o papel que está sendo mal desempenhado pelo
cérebro. “Nós mostramos como mexer a boca, a língua e outras estruturas
para a criança conseguir planejar os gestos que formarão uma sílaba ou
palavra”. Às vezes, o expert chega a apertar com os dedos regiões
específicas da cavidade bucal para ajudar o paciente. De pouco em pouco,
ele vai aprendendo o que fazer e ganhando autonomia.
Acima disso, é fundamental que o especialista se dê bem com o pequeno,
até porque esses momentos, se não forem recheados de carinho e diversão,
entediam a causam rejeição. Os pais também devem entrar em cena e
estimular o filho a realizar certos treinamentos em casa.
Apraxia que vai além da fala
Algumas crianças apresentam uma apraxia global, que envolve dificuldades
para movimentar outros músculos do corpo. Além de não conseguirem falar
direito, elas sofrem para segurar talheres, mastigar, manusear um lápis
ou mesmo brinquedos… Se notar que seu filho está significativamente
mais atrasado com relação a meninos e meninas de sua idade, vale bater
um papo com profissionais especializados.
Ficar de olho no desenvolvimento infantil da fala ajuda a diagnosticar condições como a apraxia, que, se não tratada, traz repercussões pro resto da vida.
Imagine
uma situação na qual você até cria a palavra na sua cabeça, mas
simplesmente não tem capacidade de verbalizá-la direito por uma falta de
coordenação dos movimentos da boca. É mais ou menos isso que uma
criança com a chamada apraxia de fala sente.
Não conhece a condição? Pois fique sabendo que até profissionais de
saúde ignoram o problema. Uma pena — se não for contornado, ele chega a
atrasar o desenvolvimento infantil.
Sintomas da apraxia de fala
Irritabilidade;
Isolamento social;
Dificuldade até dos pais em compreender o que está sendo dito, principalmente após os 2 anos;
Falta de resposta ao tratamento fonoaudiológico convencional;
Em vez de falar a palavra toda, só expressa suas vogais ou uma sílaba.
Todo atraso na fala merece uma investigação. Porém, a apraxia está entre
os quadros mais desafiadores por ser resultado de uma alteração no
funcionamento dos neurônios que coordenam os gestos da boca. Ou seja,
não é uma questão de falta de estímulo — o que ocorre quando os
familiares conversam pouco com o pequeno ou o deixam o tempo todo
olhando para uma tela de tablet — ou de uma limitação física, a exemplo
da língua presa.
Acima disso, ela demora a ser diagnosticada porque os próprios pais a
deixam passar batido por desconhecimento. “É comum ouvirmos que uma hora
a criança vai pegar o jeito e sair falando. No caso da apraxia, sem
tratamento é pouco provável que isso ocorra”, lamenta.
As causas por trás desse quadro ainda são nebulosas. Na maioria das
vezes, ele não é atribuído a nenhuma disfunção (embora esteja associado
a autismo e
síndromes genéticas, como a de Down). Tanto que não costuma ser
flagrado em exames que avaliam o interior da cabeça dos meninos e das
meninas. “O diagnóstico é realizado no consultório, analisando os
sintomas e o estado da criança”, ensina Elisabete. Antes dos 3 anos de
idade, não dá para cravar a presença da apraxia, porque os testes feitos
por um fonoaudiólogo dependem de certa maturidade dos pacientes. Mesmo
assim, já é possível suspeitar do problema e direcionar o tratamento.
Pegar esse distúrbio nos seus primeiros
passos melhora demais a resposta da garotada à terapia fonoaudiológica.
Em casos leves, tais técnicas chegam a reverter completamente a
dificuldade, se aplicadas desde os primeiros anos de vida. Para isso,
convém conversar sobre o assunto com o pediatra, principalmente se o seu
filho apresentar algum sinal suspeito, e marcar uma consultar com um
fonoaudiólogo. Também vale ficar atento a marcos do desenvolvimento da
fala. Confira alguns:
• Por volta de cinco meses, o bebê começa a balbuciar sons para se expressar;
• Ao atingir 1 ano de idade, emite uma ou outra palavra que pode ser compreendida por um adulto;
• Quando tem, em média, 1 ano e meio, ele já consegue combinar duas palavras;
• Ao completar 2 anos, fala pequenas frases que podem ser compreendidas;
• Com 3 anos, 60% da linguagem está formada.
Se a criança não parece evoluir e nada é
feito, o próprio desenvolvimento cognitivo é ameaçado. Isso porque a
dificuldade de se expressar acaba limitando as interações sociais e
dificultando o aprendizado em casa e na sala de aula. De novo: buscar
apoio de um fonoaudiólogo não oferece mal algum. Pelo contrário: pode
trazer enormes benefícios.
O tratamento
Já adiantamos: não há pílula ou cirurgia mágica. “Por outro lado, os
métodos que temos progrediram muito e trazem melhorias mesmo nas
situações graves”, garante Elisabete. As sessões de fonoaudiologia
voltadas para a apraxia são individualizadas. Contudo, em geral elas
exigem mais repetições e um avanço gradual. No início, é como se o
profissional fizesse o papel que está sendo mal desempenhado pelo
cérebro. “Nós mostramos como mexer a boca, a língua e outras estruturas
para a criança conseguir planejar os gestos que formarão uma sílaba ou
palavra”. Às vezes, o expert chega a apertar com os dedos regiões
específicas da cavidade bucal para ajudar o paciente. De pouco em pouco,
ele vai aprendendo o que fazer e ganhando autonomia.
Acima disso, é fundamental que o especialista se dê bem com o pequeno,
até porque esses momentos, se não forem recheados de carinho e diversão,
entediam a causam rejeição. Os pais também devem entrar em cena e
estimular o filho a realizar certos treinamentos em casa.
Apraxia que vai além da fala
Algumas crianças apresentam uma apraxia global, que envolve dificuldades
para movimentar outros músculos do corpo. Além de não conseguirem falar
direito, elas sofrem para segurar talheres, mastigar, manusear um lápis
ou mesmo brinquedos… Se notar que seu filho está significativamente
mais atrasado com relação a meninos e meninas de sua idade, vale bater
um papo com profissionais especializados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário